É costume dizer que a esperança é a última que morre. Nisto está uma das crueldades da vida: a esperança sobrevive à custa de mutilações. Vai minguando e secando devagar, se despedindo dos pedaços de si mesma, se apequenando e empobrecendo, e no fim é tão mesquinha e despojada que se reduz ao mais elementar instinto de sobrevivência. O homem se revolta jogando sua esperança para além da barreira escura da morte, no reino luminoso que uma crença lhe promete, ou enfrenta, calado e só, a ruína de si mesmo, até o minuto em que deixa de esperar mais um instante de vida e espera como o bem supremo o sossego da morte. Depois de certas agonias a feição do morto parece dizer: "enfim veio; enfim, desta vez não me enganaram".
E EU PENSO NAS REPRESÁLIAS AO MEU SINE SPE, E À MINHA FILOSOFIA FRANCESA CONTEMPORÂNEA. E SIM, TACHO-AS DE CRETINAS E OCAS, PORQUE MINHA VISÃO ACERCA DA ESPERANÇA NÃO EXORBITA ESSA, DO RUBEM BRAGA - CRIATURA, DE ELOQÜENTE, PELO MENOS, PELO MENOS NÃO-ALIENADA.
ACREDITO (E ESSE VERBO, ASSIM, INICIANDO FRASE, SEM SER NO IMPERATIVO, EM MUITO ME CONDENA) QUE FELICIDADE/ALEGRIA É COMO SABER DANÇAR. OU, MELHOR, GRAVIDEZ. OU SIM OU NÃO. NÃO EXISTE MEIO TERMO, NÃO EXISTE MEIO DO CAMINHO, NÃO EXISTE O METADE CHEIO/VAZIO.
DEPREENSÃO DESTA B, E VEEMENTE, CUJA EXTRAÇÃO SÓ LHE VIRIA REALIZADA COM INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS - USEIROS E VEZEIROS EM LOBOTOMIA, OBVIAMENTE -: O CONVENIENTE É NUNCA SE TER ESPERANÇA. QUE SE A ABORTE, ANTES DE DEIXÁ-LA MORRER DE INANIÇÃO. FICA MENOS FEIO, MAS, SOBRETUDO, IMENSAMENTE MENOS DOLOROSO.
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CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.