Os males da inteligência, infelizmente, dÓem menos que os do sentimento, e os do sentimento, infelizmente, menos que os do corpo. Digo «infelizmente» porque a dignidade humana exigiria o avesso. Não há sensação angustiada do mistério que possa doer como o amor, o ciúme, a saudade, que possa sufocar como o medo físico intenso, que possa transformar como a cólera ou a ambição. Mas também nenhuma dor das que esfacelam a alma consegue ser tão realmente dor como a dor de dentes, ou a das cólicas, ou (suponho) a dor de parto.
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E PORQUE É POSSÍVEL CALÁ-LAS, AS FÍSICAS. E NUNCA CONDENEI OS PALIATIVOS, NUNCA OS ACHEI MENOS DO QUE SÃO. MENOS NOBRES, MENOS MERECEDORES DO PREÇO OU DAS VEIAS.
O QUE NÃO SE CONSERTA É O BICHINHO QUE PARRUETA SOZINHO. ISSO, SIM, CRUEL. NO OUTRO DIA, DONA M ME REPETIU O QUE SEMPRE DIZ TAISINHA: QUE NÃO SE MORRE DE AMOR. QUE A FILHA ESTAVA SOFRENDO, UM SOBREPESO DANADO, SEM ÂNIMO PARA A ROTINA, TUDO NO AUTOMÁTICO, JÁ; MAS QUE A CHAGA NO PEITO NÃO HAVERIA DE MATÁ-LA. E CREIO QUE MINHAS SOBRANCELHAS SE HAJAM RETORCIDO DE PRONTO, EM REPRESÁLIA, MAS A BOCA, MESMO, A BOCA NÃO PODIA FALAR.
POIS, DONA M, COMUNGO, SIM, DA FILOSOFIA BYRONIANA. MORRE-SE - ESPERO QUE NÃO NECESSARIAMENTE DEVAGAR -, EM RAZÃO DAS GRANDES DESILUSÕES., COMO A SENHORA VAI ME NEGAR ISSO? HÁ CASO ASSIM, INCLUSIVE, NOTÓRIO. 2003. PAI QUE MATA FILHO, EM LEGÍTIMA DEFESA, SACRIFICA, EM 26 DIAS, TAMBÉM A PRÓPRIA CARNE. EM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL QUE LHE RENDEU A MORTE. E SE ISSO NÃO FOR AMOR, ENTÃO EU ME CALO. E SE NÃO CONSIGO DEMONSTRAR QUE O AMOR, ALÉM DE PESADO, LIXIVIA O QUE NOS MANTÉM DE PÉ E FALANTES, E ESFRANGALHA, E MÓI E TRUCIDA, ENTÃO NÃO APENAS ME CALO, COMO ABRO AS COMPORTAS RUIDOSAMENTE.