Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem, sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
EU ACHO UM ENCANTO ISSO DO CAEIRO, DE SE DEIXAR SENTIR. DE IGNORAR AS DESCRIÇÕES. DE JULGAR QUE VIOLAM (AS DESCRIÇÕES, AS ELUCIDAÇÕES, A NECESSIDADE BRUTA DE SE PÔR NOME EM TUDO) O PORQUÊ (CLARÍSSIMO, SEMPRE) DE TUDO QUANTO EXISTE.
MAS O PERFEITO TERMINA SENDO O 'ABSOLVO-ME'. COMO TROUXE À TONA DIA DESSES, O 'TE PERDÔO POR TE TRAIR'.
MAS AGORA HÁ-SE QUE FAZER OUTRO, QUE NÃO ESCREVER. E NÃO PORQUE SINTO (OU O SAIBA), SÓ CALHA DE ---.
MAS AGORA HÁ-SE QUE FAZER OUTRO, QUE NÃO ESCREVER. E NÃO PORQUE SINTO (OU O SAIBA), SÓ CALHA DE ---.
“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!”
RispondiElimina— Florbela Espanca