martedì, giugno 01, 2010

MISAEL, MINHA AGULHA NO ESPELHO FOSCO

PROCUREI ISTO A VIDA INTEIRA.  ACHAVA QUE FOSSE CLARICE LISPECTOR, E NÃO ME LEMBRAVA SE SÍFILIS OU GONORRÉIA, A DOENÇA VENÉREA DA RESGATADA.  POIS ENFIM, ENCONTREI.  ERA O BANDEIRA:


TRAGÉDIA BRASILEIRA

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,
Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e o dentes em petição de miséria.

Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.

Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa.

Viveram três anos assim.

Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.

Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de  organdi azul.


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POIS QUE MISAEL É A AGULHA DE MACHADO DE ASSIS.  MARIA ELVIRA, A LINHA MISERÁVEL E SEM CONSERTO.  E NÃO CAIO NA VALA PREVISÍVEL DO 'QUEM JÁ NÃO FOI UM MISAEL',  MAS ESCABICHO MEUS INTERNOS PARA DESCOBRIR SE, OPORTUNISTA, ANDEI VESTINDO A CARAPUÇA DE ORGANDI - TÃO NOBRE, EM PELE MALDITA.

E DECLARO ALTO QUE NÃO.  CONTINUO SENDO MISAEL.

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CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.