domenica, giugno 06, 2010

A FINE MAHOQ TO YOU ALL

      Num sobressalto, fascinado, o rapaz viu-a correr como doida para não perder o ônibus, intrigado viu-a subir no ônibus como um macaco de saia curta. O falso cigarro caiu-lhe da mão... 

      Alguma coisa incômoda o desequilibrara. O que era? Um momento de grande desconfiança o tomava. Mas o que era?! Ele vira a correr toda ágil mesmo que o coração da moça, ele bem adivinhava, estivesse pálido. E vira-a, toda cheia de impotente amor pela humanidade, subir como um macaco no ônibus - e viu-a depois sentar-se quieta e comportada, recompondo a blusa enquanto esperava que o ônibus andasse... Seria isso? Mas o que poderia haver nisso que o enchia de desconfiada atenção? Talvez do fato de ela ter corrido à toa, pois o ônibus ainda não ia partir, havia pois tempo...  Ela nem precisava ter corrido... Mas que havia nisso tudo que fazia com que ele erguesse as orelhas em escutar angÚstia, numa surdez de quem jamais ouvirá a explicação? 

      Ele tinha acabado de nascer um homem. Mas, mal assumira o seu nascimento, e estava também assumindo aquele peso no peito; mal assumira a sua glória, e uma experiência insondável dava-lhe a primeira futura ruga. Ignorante, inquieto, mal assumira a masculinidade, e uma nova fome ávida nascia, uma coisa dolorosa como um homem que nunca chora. Estaria ele tendo o primeiro medo de que alguma coisa fosse impossível? A moça era um zero naquele ônibus parado, e no entanto, homem que agora ele era, o rapaz de súbito precisava se inclinar para aquele nada, para aquela moça. E nem ao menos inclinar-se de igual para igual, nem ao menos inclinar-se para conceder... Mas, atolado no seu reino de homem, ele precisava dela. Para quê? Para lembrar-se de uma cláusula? Para que ela ou outra qualquer não o deixasse ir longe demais e se perder? Para que ele sentisse em sobressalto, como estava sentindo, que havia a possibilidade de erro? Ele precisava dela com fome para não esquecer que eram feitos da mesma carne, essa carne pobre da qual, ao subir no ônibus como um macaco, ela parecia ter feito um caminho fatal. Que é! Mas afinal que é que está me acontecendo? Assustou-se ele. 

      Nada. Nada, e que não se exagere, fora apenas um instante de fraqueza e vacilação, nada mais que isso, não havia perigo

O QUE ME CATIVA, O QUE ME RENDE PRESA (CONSENTIDAMENTE) NAS COISAS DA LISPECTOR É ESSE REPISAR DE DESCONFORTOS.  GENTE SE DESCOBRINDO MÁ E FRACA E COMUM.  O FASCÍNIO (NO TEXTO ACIMA) DO MENININHO TRANSUBSTANCIADO, ASSIM, DE PRONTO, NA AVAREZA MASCULINA.  NA FALTA DE ZELO COM TUDO MAIS QUE O CERCA - E QUE NÃO FAZ PARTE DO SEU PRÓPRIO CORPO.  OU PERTENÇAS.  MATERIAIS.  

O PEDAÇO DO MACACO DE SAIAS ME ESTREMECEU DA MESMÍSSIMA FORMA COMO UM FILME (TRECHO DELE), EM QUE UM HOMEM CORRE, DESNORTEADO - TENTANDO FREAR AUTORIDADES QUE LHE APREENDIAM O COMPUTADOR - E, NO CAMINHO, TROPEÇA E ROLA NO CHÃO.  RELATANDO ASSIM, COM MEU EMARANHADO DE VÍRGULAS, NÃO PARECE NADA, MAS TENHO A CENA NO MEU ARQUIVO DE EXCERTOS PELOS QUAIS FILMES MOROSOS E DECEPCIONANTES VALEM A REVISITA.

ESSA DECADÊNCIA EXPERIMENTADA PELA MOÇA, AOS OLHOS DO AGORA-HOMEM, NÃO PODE, MAS QUE NÃO PODE!, DEIXAR DE DESPERTAR QUALQUER COMOÇÃO OU EMPATIA (OU, A DEPENDER DA NOBREZA DO INDIVÍDUO, REMORSO) NUM LEITOR LÚCIDO.  OU LEITORA, QUE UM NAQUINHO MEU, NEVRÁLGICO, CONTORCEU-SE COM O ESTAMPIDO.
  

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CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.