sabato, agosto 27, 2011

A volte TRE bugiE POSSONO evitare il dolore

...assumindo vagamente uma atitude de pessoa alta, grande e bem disposta. Sentia uma clara paz aberta como um campo ignorado e tranqüilo; aos poucos esqueceu-se de si própria e passou a observar com dócil interesse as coisas do trem[...]. Entardecia, o trem corria pelos campos já sem cor. [...] Foi com um sobressalto que notou o próprio abandono. Perscrutou-se com ligeira ansiedade. Alguma coisa imperceptível já se transformara, no entanto. Com alguma inquietação ela se escutava, o ser acordado, profundamente intranqüilo. Atentava de leve; desvanecera-se a naturalidade das coisas ao seu redor, como o último laivo de morno prazer sonolento ao lavar o rosto, agora a própria existência era sacudida, dura e várias vezes quebrada. Ela mesma sentia-se intimamente sem conforto, as entranhas despertas como se tivesse os sapatos molhados ou a roupa suada presa às costas — num desgosto desassossegado afastou-se do encosto do banco. Compreendia numa decepção sem força e estupefata, já um começo de profundo cansaço fulgurando nos olhos, compreendia que não chegara a nenhuma posse, que a partida para a cidade não era simbólica. E a sensação que experimentara há poucos minutos? buscava ela esperançosa. Mas não, não — e ela não estava à altura de compreender seus pensamentos — na verdade, o que havia de intocado, desperto e confuso nela mesma ainda tinha forças para fazer nascer um tempo de espera mais longo que o da infância até os seus dias, de tal modo ela não chegara a nenhum ponto, dissolvida vivendo — isso assustava-a cansada e desesperada do próprio fluir instável e isso era algo horrivelmente inegável, e isso no entanto a aliviava de um modo estranho, como a sensação a cada manhã de não ter morrido à noite. Com um despercebido movimento de desânimo perguntava-se confusamente se esqueceria para sempre o que sentira afinal de tão firme e sereno e cuja espécie já agora ela não podia precisar com nitidez, num começo de esquecimento. Não, não esqueceria, agarrava-se ela a si mesma sem saber, apenas como usá-lo? como viver disso? jamais poderia gastá-lo e isso era também algo inegável, o trem carregava-a para a frente como perdendo-a de si própria.

[...]
 O que sucedia? por que desfalecia todo o seu passado e começava horrivelmente um tempo novo? De súbito começou a transpirar, o estômago encolheu-se numa só onda de enjôo, ela respirava terrivelmente opressa e arquejante — o que lhe sucedia? ou o que ia suceder? Num esforço em que o peito parecia suportar um viscoso peso, com um mal-estar inexcedível, atravessou pálida a rua e o carro dobrou a esquina, ela recuou um passo, o carro hesitou, ela avançou e o carro veio em luz, ela o percebeu com um choque de calor sobre o corpo e uma queda sem dor enquanto o coração olhava surpreso para nenhum lugar e um grito de homem vinha de alguma direção — era velozmente o mesmo dia há três anos quando estacara para a frente impedindo-se por um triz de pisar num gatinho rígido e morto e o coração retrocedera enquanto, com os olhos, por um instante profundamente cerrados de asco, todo o seu corpo dizia para dentro de si mesmo num escuro e cavo momento, bem no oco sonoro de uma igreja silenciosa: arrh! em funda náusea vivificada o coração retrocedendo branco e sólido numa queda seca, arrh! 

[...] balançou-se rápido, rápido na cadeira e com absoluta estranheza olhou-se branca e de olhos escuros num espelho — longos corredores formavam-se no seu interior, longos corredores cansados, difíceis e escuros, portas sucessivas cerravam-se sem ruído com espanto e cuidado  [...]. O que sucedia era tão simples que ela não sabia donde entender. Na gelada penumbra corredores negros, estreitos, vazios e úmidos, uma substância dormente e silenciosa: e de súbito! de súbito! de súbito! a borboleta branca volitando nos corredores sombrios, perdendo-se no fim da escuridão. Ela desejava obscuramente interromper-se, ela desejava obscuramente interromper-se. A rua fumegava fria e sonolenta, seu próprio coração surpreendia-se, a cabeça pesada, pesada de graça atordoante — enquanto as ruas de Brejo Alto se encaminhavam velozes e vacilantes no seu cheiro de maçã, serragem, importação e exportação, aquela falta do mar. E de súbito arrebatada pelo próprio espírito


MINHA ÁGUA VIVA CONTINUA SENDO ISSO.  ESSA.  NO DIA QUE FOR, A MADRUGADA GELADA, EMPASTADA, CALADA QUE FOR.  

É DURO COMENTAR TODA ESSA VASTIDÃO DE TEXTO.  É IMODESTO-E-VÃO, PORQUE HÁ  SEM-NÚMERO DE DETALHES QUE NÃO PODEM SER PERDIDOS.  MAS PARA QUE EU POSSA GUARDAR (COMIGO)  ALGUM, MENCIONO ESSA SURPRESA CONSIGO PRÓPRIO, QUE SE TEM, ÀS VEZES.  NO QUE FREIA O BONDE (AMOR), OU PARTE O TREM.  O ESPÍRITO, COMO É?, QUE ARREBATA.

NO OUTRO DIA RELATEI MUDANÇA REPENTINA QUE ME *acometeu*.  ACOMETEU COMO DOENÇA, MAS COM *sintomas* DE CURA.  A DISSOLUÇÃO ABSOLUTA DE UM RANCOR NÃO ANTIGO, MAS SÓLIDO.  E PERCEBO, HOJE, COMO É POSSÍVEL RASPAR, COM ESPÁTULA FIRME, O QUE NÃO SERVE, NO CORAÇÃO.  AS ESQUININHAS DIFÍCEIS.  O LIMO DAS MEMÓRIAS FEIAS.  

ESSA É A MINHA SURPRESA DE ESPÍRITO.  ESSA É MINHA FALTA DO MAR. SENDO O MAR DO QUE SE FOI DESNECESSÁRIO.


*meus corredores longos e cansados e escuros dão lugar a cansaços claros, porque sem fundamento (cióran contrapunha à dor o suplício sem objeto, o vazio - 'beco sem saída  infinito', em que nada nasce) .   um cansaço confuso, de saudade.  a única vez, em meses, que me permito pensar nisso, dj. 
 

1 commento:

CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.