Por ali arrasto, até haver noite, uma sensação de vida parecida com a dessas ruas. De dia elas são cheias de um bulício que não quer dizer nada; de noite são cheias de uma falta de bulício que não quer dizer nada. Eu de dia sou nulo, e de noite sou eu. Não há diferença entre mim e as ruas para o lado da Alfândega, salvo elas serem ruas e eu ser alma, o que pode ser que nada valha, ante o que é a essência das coisas. Há um destino igual, porque é abstracto, para os homens e para as coisas — uma designação igualmente indiferente na álgebra do mistério.
SALVO SEREM AS COISAS AL DI LÀ DO QUE ME INCHA. DE AFETO. E ME SECA. EM SAUDADE. E MAIS DO QUE EU, NINGUÉM SABE O QUE É ENXERGAR-SE EM UM LOCAL (UM APARTAMENTO ANTIGO, UMA CALÇADA ESTREITINHA ENTRE DOIS ARBUSTOS DE DAMA-DA-NOITE, A FARMÁCIA E O PAR DE JARROS QUE ACENAVA A CABEÇA, À MINHA PASSAGEM) ETERNAMENTE, MESMO EM SONHO.
O MISTÉRIO É A GENTE SOBREVIVER A ESSAS NÓDOAS. (RAZOAVELMENTE) SÃ.
saudade ensandece. sabe quem a veste.
A cada curva uns estalinhos como se fossem granizos no parabrisas do uno-bala - o balanço frenético da Liza e seus olhos maciços contra o vidro, a boneca, coitada, você diria. Mas não. Coitada da alma que recorda as mãos em gestos firmes e sincronizados e os olhos de quem vê através. A alma dói mas também soluça de alegria - é passageira a saudade, ela sabe, logo logo a menina do cincocincoseiláquantos volta.
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