martedì, agosto 30, 2011

Es/est tut/tout mir/si leid/laid


Até que tocada pela própria atenção, Lucrécia pas­sou a ver-se com dificuldade.

Lucrécia Neves não seria bela jamais. Tinha porém um excedente de beleza que não existe nas pessoas boni­tas. Era basta a cabeleira onde pousava o chapéu fan­tástico; e tantos sinais negros espalhados na luz da pele davam-lhe um tom externo a ser tocado pelos dedos. So­mente as sobrancelhas retas enobreciam o rosto, onde al­guma coisa vulgar existia como sinal apenas sensível do futuro de sua alma estreita e profunda. Toda a sua natu­reza parecia não se ter revelado: era hábito seu inclinar-se falando às pessoas, de olhos entrefechados — parecia então, como o próprio subúrbio, animada por um aconte­cimento que não se desencadeava. A cara era inexpres­siva a menos que um pensamento a fizesse hesitar.

Embora não fosse desta possibilidade de espírito e doçura que ela aproveitava: era o que havia de rígido num rosto que a moça, se preparando, acentuaria. E uma vez pronta — disfarçando-se com uma futilidade que não procurava salientar o corpo mas os enfeites — sua figu­ra se ocultaria sob emblemas e símbolos, e na sua graça intensa a moça pareceria um retrato ideal de si mesma. O que não a alegrava — era um trabalho.

Inclinou-se de súbito para o espelho e procurou achar o modo de se ver mais bela, abriu a boca, olhou os den­tes, fechou-a... Em breve, do olhar fixo, nascia afinal a maneira de não penetrar demais e de olhar em esforço delicado apenas a superfície — e de rapidamente não olhar mais. A moça olhou: as orelhas eram brancas entre os cabelos emaranhados de onde nascia um rosto que os sinais salpicados faziam estremecer — e sem se demorar, porque alcançaria demais ultrapassando: este era o modo de se ver mais bela!

1 commento:

CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.