TERMINA QUE, NUM DESSES DIAS NOS QUAIS NÃO SE SABE EXATAMENTE PARA ONDE IR, ASSISTO A REPORTAGEM (CURTÍSSIMA, O QUE SE EXPLICA PELA AFAMADA INCOMPETÊNCIA DA EMISSORA) A RESPEITO DE DETENTOS QUE DEIXAM DE SÊ-LO, JÁ CUMPRIDA A PENA.
UM DELES SAÍA DO PRESÍDIO SEM TROUXA DE ROUPA (OU DENTES, MISÉRIA INCALCULÁVEL), DESNORTEADO E, COMO JÁ SE IMAGINAVA, SEM PERSPECTIVAS DE ESTALAGEM. OS PAIS JÁ ESTAVAM MORTOS, NUNCA HAVIA TIDO MULHER OU FILHOS, E, LONGE DE TUDO-TUDO-TUDO POR TANTO TEMPO, MAL E MAL RECONHECIA A CIDADE. NATURALMENTE, NÃO MENCIONARAM O MOTIVO DA RECLUSÃO, O QUE - E ISTO ME SURPREENDEU - NÃO ME ABORRECEU, NA HORA.
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POIS BEM. TENHO SEGURANÇA DE QUE PELO MENOS NUM PRIMEIRO MOMENTO - QUE PODE HAVER, POR QUE NÃO?, SE ESTENDIDO POR MESES - ESSE SUJEITO DEVE TER SENTIDO FALTA DO QUE CONHECIA (não se 'ama', Drummond, 'a rua vista em sonho'), E QUERIDO VOLTAR. A ÚNICA GRAÇA DAS DESGRAÇAS É A CAPACIDADE QUE SE TEM DE ADAPTAÇÃO A ELAS*. NUNCA SOUBE DE UM SOBREVIVENTE DE TRAGÉDIA QUE FOSSE INCAPAZ DE ARRANJAR UM ALENTO NO DECORRER DO DIA. É A TAL COISA DE SÍSIFO - PELA ÓTICA DE CAMUS. E MESMO O DESCONFORTO DA MASMORRA, A QUE ALUDIU EM OUTRO LIVRO (ERA EM 'O ESTRANGEIRO'?).
EXISTE, PORTANTO, A TRAGÉDIA DO DESENCAIXE. A LIBERDADE CRUDELÍSSIMA, ESFOMEADA E VAZIA. A LIBERDADE VÃO-LIVRE. A LIBERDADE QUE, PORQUANTO DESCONHECIDA, AFLIGE. SAIR DE UMA CELA ONDE SE VIVEU POR, DIGAMOS, QUINZE ANOS, E ENTRAR NUM ÔNIBUS NA GRANDE SÃO PAULO, EM DIA FRIO (MAIS FRIO AINDA PARA QUEM ESTAVA HABITUADO AO AMONTOADO DE DETENTOS), DEVE SER COMO VISITAR AS IGREJAS RENASCENTISTAS (COMPARAÇÃO ABSURDA, MAS JUSTA, NO MEU MICROCOSMO DE AGORÁFOBA), E OLHAR PARA CIMA (A ESCALA HUMANA IRREPRODUTÍVEL, NOS NOSSOS PROJETOS DOS IDOS DE NOVENTA, CAMILINHA). OU SE VISITAR UMA PRAIA PELA PRIMEIRA VEZ, ESTANDO A MARÉ CHEIA, SENTANDO-SE NA AREIA, A DISTÂNCIA PERIGOSA.
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E DISSO TIRO EU, QUE JÁ ME SITIEI POR MOTIVOS TERRÍVEIS, E, CLARO, SOFRI POR ISSO, MAS NÃO A PONTO DE RECHAÇAR O QUE ESTOU POR DIZER, QUE A LIBERDADE INSPIRA CAUTELA. QUIÇÁ MEDICAÇÃO. SUPERVISIONADA.
*The secret of my adaptation to life? – I’ve changed despairs the way I’ve changed shirts.
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CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.