POIS QUE FOI ASSIM

E NO MEIO DO SONHO/PESADELO, ELE SE VIROU PARA TRÁS E AQUELA PENUMBRA SUBITAMENTE SE DESFEZ. ESTAVA, POR FIM, ILUMINADO, E HAVIA ELA. E HAVIA A CRIANÇA. E ESTAVAM AMBAS VIVAS E OFEGANTES, COMO SE O HOUVESSEM PROCURADO LONGAMENTE, POR LANCES INTEIROS DE ESCADA. POR DIAS. INANES.

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O CORAÇÃO, MESMO NO SONHO - EM QUE POR VEZES ATÉ DOR SE SENTE, E FOME, E FRIO -, MESMO NO SONHO LHE SALTAVA POR ENTRE OS PULMÕES. E LHE SUBIA PELA GARGANTA, E ESTACIONAVA, CONTRARIADO, A TRÊS DENTES DA PONTA DA LÍNGUA. A ANGÚSTIA ERA IMENSA, E TOMAVA FORMAS.

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FOI ENTÃO QUE ELA, QUE VESTIA UM VESTIDO MUITO LONGO, TRANSFIGUROU-SE EM ALGO QUE DEPOIS ELE NÃO SABERIA EXPLICAR. O CERTO É QUE JÁ NÃO ERA MAIS ELA, E DE QUE LHE SERVIA, A ELE, UMA CRIANÇA, SEM A MÃE? E ACORDOU. JÁ RACHADO DE DESGOSTO.

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OS DIAS, SEM A FAMÍLIA, PASSAVAM-SE-LHE DESSA FORMA. ENTRECORTADOS POR MOMENTOS DE DESVARIO SONHADO, EM QUE ELA SURGIA E ENTÃO SE ESVAÍA, DEIXANDO-O SEMPRE AOS FRANGALHOS. CURIOSAMENTE, A FILHA NUNCA ERA SUFICIENTE, MESMO QUE EM ALGUMAS VEZES RISSE BEM ALTO, OU ENTÃO CHORASSE, OU LHE ATIRASSE BEIJOS OU SE CURVASSE AO CHÃO. O FATO É QUE TALVEZ ISSO TUDO FOSSE A SUBCONSCIÊNCIA DELE GRITANDO QUE DA FILHA ELE EM VERDADE NÃO PRECISAVA. NEM MORTA E NEM VIVA.

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OS SUSPIROS VINHAM SOFRIDOS. NEM MORTA E NEM VIVA. E SE ACASO ELE MERECESSE TODO O TORMENTO? PODIA SER QUE DEUS, COM QUEM NUNCA TECIA CONVERSAS MUITO PESSOAIS, LHE ESTIVESSE SENDO DURO. ENFIM. PORQUE DEUS SABIA - ORA, QUE DEUS SABE DE TUDO - QUE ELE SEMPRE ESTIVERA CIENTE DOS SEUS PECADOS, E QUE MESMO ASSIM ESCOLHIA REPETI-LOS. HORA A HORA, DIA A DIA. EM CADA PORMENOR. EM CADA PORMENOR PRAZEROSO.

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- 'MATAR A SI MESMO É PECADO?'- PENSOU ALTO, FEITO UMA CRIANÇA EM UM FILME BOBO. 'PORQUE SE MATAR A SI MESMO FOR PECADO, MEU DEUS, É ISSO O QUE EU TENHO DE FAZER, SENÃO HOJE, DAQUI A MEIA HORA. NO MÁXIMO.'

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E A GAMA DE OPÇÕES MENOS DOLOROSAS RESPLANDECIA-LHE NA MENTE. NÃO PODIA ARCAR COM NADA MUITO LENTO, OU O ARREPENDIMENTO SE ESTENDERIA DE TAL FORMA QUE, MAIS DO QUE SIMPLES TORTURA, SERIA CAPAZ DE LHE DISSUADIR DA PROEZA. E BUSCAR AJUDA.

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MAS AQUELA AINDA ERA UMA QUINTA-FEIRA. DENTRO DE NO MÁXIMO CINCO HORAS ELE DEVERIA APARECER, SEMPRE FINGIDO, NA REPARTIÇÃO. OU SENTIRIAM SUA FALTA. NÃO QUE O AMASSEM, MAS O SERVIÇO SE EMPILHANDO SOBRE UMA MESA SEMPRE ATRAI OLHARES REVOLTOSOS. E A DISTÂNCIA ENTRE OS OLHARES REVOLTOSOS E UM TELEFONEMA É MAIS CURTA DO QUE MUITA GENTE IMAGINA.

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E FOI ASSIM QUE ELEGEU O SÁBADO. AO ENTARDECER. MUITO BEM-VESTIDO E, POR QUE NÃO, BANHADO E PENTEADO. ENTÃO, O DIA DE SUA MORTE SERIA UM SÁBADO. DIA DOZE? - INDAGOU-SE, AINDA AÉREO. POIS SIM. UM SÁBADO DOZE. LOGO ELE, QUE DETESTAVA ESSA PARTEZINHA DO MÊS, ESSE HIATO ENTRE O PRINCÍPIO E O MEIO.