(uma pausa) A MESMA. - Falar no passado — isso deve ser belo, porque é inútil e faz tanta pena. . .
SEGUNDA. - Falemos, se quiserdes, de um passado que não tivéssemos tido.
TERCEIRA. - Não. Talvez o tivéssemos tido. . .
PRIMEIRA. - Não dizeis senão palavras. Ê tão triste falar! É um modo tão falso de nos esquecermos!... Se passeássemos?. . .
TERCEIRA. - Onde? PRIMEIRA. - Aqui, de um lado para outro. Às vezes isso vai buscar sonhos.
TERCEIRA. - De quê? PRIMEIRA. - Não sei. Por que o havia eu de saber? (uma pausa) SEGUNDA. - Todo este país é muito triste... Aquele onde eu vivi outrora era menos triste. Ao entardecer eu fiava, sentada à minha janela. A janela dava para o mar e às vezes havia uma ilha ao longe. . . Muitas vezes eu não fiava; olhava para o mar e esquecia-me de viver. Não sei se era feliz. Já não tornarei a ser aquilo que talvez eu nunca fosse. . .
AS NOSTALGIAS GEOGRÁFICAS, MUITAS VEZES, ENGANADORAS. TODAS AS TERRAS APENAS VISITADAS, DESDE QUE NUM PERÍODO RAZOAVELMENTE DISTANTE, CONSTRÓEM SOBRE OS INTESTINOS QUE ESTREMAM OS BRAÇOS SENSAÇÕES EU DIRIA QUE ALARMANTES. HOJE EU ME LEMBRO DAS DUAS ÚLTIMAS VIAGENS DE FORMAS CADA VEZ MAIS SÓLIDAS, PERMEADAS DE DETALHES QUE NUNCA OCORRERAM.
EM VANILLA SKY, FILME QUE ADENTRA O ROL DO CINEMA-ESCAPISMO-MENTAL A QUE ME REFERI NA POSTAGEM ANTERIOR, O PROTAGONISTA (DE QUEM NÃO GOSTO, ASSIM COMO DAS OUTRAS DUAS COADJUVANTES) MISTURA AO PARQUÍSSIMO CONHECIMENTO QUE TINHA DA CACHOPA MEMÓRIAS LINDÍSSIMAS, ABSOLUTAMENTE ESPARSAS. COMO A FOTOGRAFIA DA CAPA DE UM LP.
HOJE, MUI FRIAMENTE, VERIFICO O MESMO. JUNTEI MEMORABLE QUOTES A SITUAÇÕES APARENTEMENTE DENSAS, E ESCOLHI ME LEMBRAR DE CORES FABULOSAS DE OLHOS E ÁGUAS E FINS DE TARDE QUE, SE EXISTIRAM, NÃO ERAM TÃO FORTES E DEMORADAS QUANTO, POR MESES, ME PARECERAM. MAIS DO QUE ISSO: AS AGRURAS TAMBÉM ME ASSOMBRARAM, JÁ CÁ, MAIS IMPIEDOSAMENTE DO QUE À ÉPOCA JUSTA. E PRECISAMENTE AGORA, QUANDO ESTOU A SALVO DE TUDO, E COBERTA, E O REGAÇO DAS RAÍZES (NÃO NECESSARIAMENTE DE SANGUE) APRESENTA-SE MAIS ACESSÍVEL DO QUE EM TODA A MINHA INFÂNCIA.
O QUÃO CURIOSA É ESSA NATUREZA DA GENTE, DE DEMONIZAR E IDOLATRAR OS IMAGINADOS... E QUE DOÇURA IMENSAMENTE BRAVA, A DE SE PERSEVERAR NAS MUDANÇAS DE ARES, BUSCANDO FUGAS - SABIDAMENTE IMPOSSÍVEIS - DA DOENÇA - SABIDAMENTE FALSA - DOS ARES, E NÃO DOS PULMÕES...
O QUE FICA DE TUDO É TÃO-SOMENTE QUE AMO, COM AMOR CEGO, OU DEMENTE, OU INGÊNUO - MAS SOBRETUDO TEIMOSO - O MEU PESSOA.
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CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.