giovedì, novembre 23, 2006

A chávena que era por onde o pequenito que morreu bebia sempre, (e tudo isto cabe num coração de mãe e enche-o)

NO DIA EM QUE EU MORRER, OS FISCAIS DO DETRAN OLHARÃO PARA A CURVINHA DA CALÇADA, ALI LADEANDO O ESTACIONAMENTO PRINCIPAL DO PEDAÇO-DE-ROTINA-QUE-ME-APRAZ-E-AFAGA-AS-MANHÃS E OS SEUS CORAÇÕES, ATÉ ENTÃO ENEGRECIDOS, INCHARÃO DE TAL FORMA QUE O ALARME DO TIGRA PRATA COM O ADESIVO DO RORIZ NA TRASEIRA HÁ DE DISPARAR.

QUEM DEU FRONDOSO A ARVOREDOS, E ME DEIXOU POR VERDECER?

FUI, COMO ERVAS, E NÃO ME ARRANCARAM. ANDO FAGOCITANDO PESSOA. LER, EU SEMPRE LI. E SEMPRE ACHEI BELÍSSIMO, E IRREFUTÁVEL, E NUNCA COMPREENDI COMO HÁ QUEM NÃO SINTA PREMENTE NECESSIDADE DE SE METAMORFOSEAR EM UMA CANETA HIDROCOR, AO LER QUATRO, CINCO PALAVRAS DELE, COMBINADAS EM UM ÚNICO E DESPRETENSIOSO VERSO, E DESTACÁ-LAS ALI, NO LIVRO EM QUE ESTEJAM. MESMO QUE EMPRESTADO DA BIBLIOTECA. OU DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. OU DA GAZELA FRANCESA. OSTENTO, POR HERANÇA, UM LIVRO TODO RABISCADO, AS PÁGINAS DOBRADAS EM MAIS DE UM CANTO, UMA EXISTÊNCIA INTEIRA EM RECORDAÇÕES ATRELADAS àS LINHAS DE CADA UMA DELAS. O TORMENTO DE ÁLVARO DE CAMPOS É O MEU TORMENTO, ESSA TURBINA INTERNA QUE ESFRANGALHA AS SENSAÇÕES TODAS, A ESTRANHEZA, A EXAUSTÃO. ACREDITO, INCLUSIVE, QUE SEJA O MESMÍSSIMO INFORTÚNIO DE TODOS, ACONTECE QUE NÃO O CONFESSAM.

martedì, novembre 14, 2006

In streams of light I clearly saw / The dust you seldom see

MARC DEPAROU-SE COM ISSO NA ESLOVÊNIA, E REGISTROU, PARA QUE UNS SENSÍVEIS ERGUÊSSEMOS AS SOBRANCELHAS, EMITINDO SONZINHO AMANTEIGADO. ...DESSAS COISAS EU NUNCA ME ESQUECI.

lunedì, novembre 13, 2006

C'est simplement la vérité de la solitude!

Mes amis chrétiens disent que j'ai reçu le Saint-Esprit. C'est simplement la vérité de la solitude. ERA? ERA. EU ACREDITO NO ESPÍRITO SANTO, COMO ACREDITO EM CRISTO. COMO ACREDITO NOS AMIGOS - E NO QUE ACREDITAM, COM TANTA ANGÚSTIA OU ALEGRIA OU MEDO. MAS EU TAMBÉM ACREDITO NA SOLIDÃO. E NA NUVEM QUE, COMO A CLARA EM NEVE QUE HÁ UNS ANOS EU ME DAVA AO TRABALHO DE FABRICAR, NA COZINHA, A INCONTÁVEIS METROS DA POLTRONA ONDE ESCONDIA OS PÉS NO FRIO DE JULHO, ME PREENCHEU SUAVE E MANSA. EU TENHO UMA SAUDADE TÃO GRANDE, MEU DEUS, DO COHEN... DOIS PARES DE VERSOS NÃO ME SATISFAZEM, PORQUE O PERÍODO DE INANIÇÃO DURA COISA DE TRÊS ANOS. EU DIZIA, COM BASE DOCUMENTAL, QUE HÁ MOTIVO POR QUE ELE ME FASCINA TANTO: Cohen's songs are often emotionally heavy and lyrically complex, owing more to the metaphoric word play of poetry than to the conventions of song craft. AÍ ME DIZ A CAMILA QUE ELE NÃO PODE SER INTITULADO MEU GOOD DEMON, QUE AOS DEMÔNIOS NÃO FOI DADA A FACULDADE DE SEREM BONS. MAS ALGUÉM QUE ESMIÚÇA A DOR DE UMA FORMA TÃO SUFICIENTE NÃO TEM COMO NÃO CONHECER DA TREVA (No caos, no horror, no parado, eu vi o caminho que ninguém via/O caminho que só o homem de Deus pressente na treva.) . ...E NÃO TEM COMO NÃO SER BOM. PORQUE O CASTIGO NOS TORNA CALMOS E SERENOS. E BONS. POIS TORNEI A PERSCRUTAR COHEN, CONSCIENTE DA MINHA NEGLIGÊNCIA. E EU ME DEPAREI COM O INEVITÁVEL, COM A JOANA D'ARC: I saw her wince, I saw her cry, I saw the glory in her eye. Myself, I long for love and light, but must it come so cruel, and oh so bright? INEVITÁVEL PORQUE DESDE O SÁBADO QUE ESSE BRILHANTISMO TODO - COM QUE ACOBERTO A MINHA FRAQUEZA (ESTREMECIMENTO), EU DIZIA NA POSTAGEM QUE SE APAGOU POR DESMANDOS DA REDE - FEZ-SE LUZ. E ME ENCHEU OS OLHOS. SÓ QUE ME DIZEM QUE FOI O ESPÍRITO SANTO. EU DIGO QUE FOI O MEU SUMMUM BONUM. E A GENTE CAI NA MESMA VALA. ESPLENDOROSA.

I'll cut you some flowers, now don't be afraid

EU ESTAVA DIRIGINDO DE ÓCULOS ESCUROS, TUDO SEMICERRADO, AS COISAS IAM VAGAROSAS E OS FARÓIS TORNARAM-SE, POR CAUSA DESSAS LENTES QUE EU INTRODUZI NA MINHA VIDA-PÓS-VIDA, UMA CADEIA DE SIRIGÜELAS MADURINHAS, EMBORA NEM TODAS EXATAMENTE OVALADAS. POIS EU VINHA SEGUINDO PELA MINHA ESTRADINHA, QUANDO AGIGANTOU-SE FACHADA BEM ALVA, NO HORIZONTE QUE NÃO MERECE SER CHAMADO POR ESSA GRAÇA. LÁ. LÁ AO FUNDO. POR ALI, POR DETRÁS, ONDE AINDA SE ENXERGA, MAS NÃO POR GOSTO. ACELERANDO, VI QUE NÃO ERA NADA. ERA UMA NUVEM. E SÓ. NÃO SEI POR QUE ESCREVER; DÓI-ME MAIS IMAGINAR POR QUE MOTIVO FICOU-ME CRAVADA NA MENTE A LEMBRANÇA DE UMA NUVEM QUE PODERIA TER SIDO A FACHADA DE UMA IGREJA VELHA, RECÉM-CAIADA. SÓ SEI QUE ELA ESTÁ LÁ. PREENCHENDO O QUINTO CANAL QUE TRATAMOS FORA DO CONSULTÓRIO, MAS SEM ANESTESIA, E SEM FRATURAS, MÊS PASSADO. E ELA ME CONFORTA E ME COMPLETA.

mercoledì, novembre 01, 2006

À MON PÉRE...

CACHÉ. PARECIA INTERESSANTE, MAS ME DESPERTOU UMA COISA RUIM, DE CUJA EXISTÊNCIA EU DUVIDAVA. Maurice Bénichou ME FICOU PAUSADO NO CORAÇÃO, TATUADO A FERROADAS. Maurice Bénichou DESDOBROU O MEU SENTIMENTO DE CULPA, NÃO SEI SE QUANDO SE SENTOU NUMA CADEIRA, OLHOS BAIXOS, OU SE QUANDO NOS APROXIMARAM, A AMBOS, NUM DAQUELES MOVIMENTOS DE CÂMERA QUE CORRÓEM O QUE SOBRAVA AINDA, DO ESPECTADOR. E A ESPECTADORA, LADEADA PELOS GRÃOS TANTOS DO PÃO DE FÔRMA QUE ME REGALOU A MINHA MÃE, ERA EU. DESDOBRAMENTO DE POSSE É TOMÁ-LA POR DIRETA OU INDIRETA, NÃO? POIS O DESDOBRAMENTO DA MINHA FERIDA É EM REMORSO E ARREPENDIMENTO. REMORSO PELOS ANOS DE SILÊNCIO COM O BÉNICHOU, PORQUE AGORA, A IDADE JÁ SE INSTALOU E VEM ME FALTANDO NÃO É MAIS A VONTADE, MAS A PACIÊNCIA. CERTA VEZ, ESCUTEI TESE DELICIOSA: DEVERÍAMOS NASCER VELHOS E, COM O PASSAR DOS ANOS, IR REJUVENESCENDO, PARA AO FINAL, MORRERMOS PURINHOS E BELOS, COMO QUE PURGADOS. POIS EU QUERIA ERA TER TIDO SERENIDADE NA MINHA ADOLESCÊNCIA, PARA NÃO TER, HOJE, DE REVISITAR UMA PESSOA QUE JÁ NÃO É MAIS A MESMA, PORQUE MENOS LÚCIDA E MAIS ARRAIGADA - AINDA! - À POLÍTICA. EU QUERIA O BÉNICHOU, QUE É O GÂCHIS SOUS TOUS LES ASPECTS, COM EXCELENTE AUDIÇÃO. QUERIA QUE SOUBESSE QUE A MINHA AFEIÇÃO POR ELE É GRANDE, PORQUE FOI QUEM ME DEU UM COELHINHO, QUEM ME DEU O NICOLAU, QUEM ME CRIOU. ARREPENDIMENTO, PORQUE AINDA HÁ JEITO. PAI, VOCÊ EXISTE BEM GRANDE, DENTRO DE MIM. BEM GRANDE. MAS NÃO MAIS EM LABAREDAS. COMO UMA VISTA SERENA E RECONFORTANTE. OBRIGADA POR OUTLIVE ME.