venerdì, dicembre 21, 2007

SAPORE DI MORTE


Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

ACORDEI COM GOSTO DE VINICIUS, HOJE. E DOS TEXTOS TODOS, ALÉM DE 'PARA UMA MENINA COM UMA FLOR' - QUE, COMO POSTADO HÁ POUCO, DESCREVE UMA RUA SILENCIOSA E ESCURA - VEM-ME À MENTE ESSE MAR DE METÁFORAS DE 'SEPARAÇÃO'. JULGO TUDO INESCAPÁVEL, PARA QUEM SE PROPÕE A CONHECER VINICIUS.

IMAGINO O QUÃO (ADMIRAVELMENTE) DRAMÁTICOS - E INCOMPREENDIDOS, PELA CONTRAPARTE, NUNCA PROFUNDA O SUFICIENTE - ERAM OS ROMPIMENTOS DE UM HOMEM DESSES. HÁ QUEM TOME GOSTO PELO SOFRIMENTO, HÁ QUEM TOME GOSTO PELA POSSIBILIDADE - NÃO NECESSARIAMENTE LANCINANTE OU PERTURBANTE - DA MORTE. E QUEM SABE SOFRER, QUEM ESPREME A DOR E EXTRAI DELA VIGOR LITERÁRIO, ESSE SIM PRESCINDE DE COMISERAÇÃO.

VINICIUS É OUTRO GOOD DEMON. ILUSTRA MEU COTIDIANO, E, PRETENSÕES PERDOADAS, É O PINTOR QUE ESCOLHERIA PARA ME RETRATAR A MATEMATICAMENTE LONGA, MAS FORTUNOSAMENTE CURTA EXISTÊNCIA.


Gato que brincas na rua
(...) sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

FERNANDO.
...PESSOA.

giovedì, dicembre 20, 2007

IDEALISMO E PALMEIRAS E SUICÍDIO

“Não querer nada além do que é, nem no passado, nem no futuro, nem nos séculos dos séculos; não se contentar com suportar o inelutável, menos ainda dissimulá-lo a si próprio - todo idealismo é uma maneira de mentir a si mesmo diante da necessidade -, mas amá-lo.”

NIETZSCHE. É UM PERÍODO LONGUÍSSIMO, QUE ACHEI POR BEM LER REPETIDAS VEZES - A CADA UMA DELAS, MAIS DESENCANTADA E CONVENCIDA DO CONTEÚDO.

NESTA VIDA, O MAIS LONGE QUE SE ALCANÇA É 'PERDER O JEITO DE SOFRER'. E COMO VIVO DE CITAÇÕES, PORQUE SE ME PROPAGAM NA CABEÇA SEMPRE QUE LEIO ALGO POR QUE ME INTERESSO, RETOMO O BANDEIRA, MAS EM OUTRA PASSAGEM - QUE NÃO ME RECORDO SE SEPARADA EM VERSOS -: 'MUITAS PALMEIRAS SE SUICIDARAM PORQUE NÃO VIVIAM NUM PÍNCARO AZULADO'. ACRESCENTO OUTRA ORAÇÃO EXPLICATIVA. PORQUE NÃO SE RESIGNARAM. E SE RECUSARAM A AMAR SEU PLATÔ VERDE BROMÉLIA*. AH, NIETZSCHE...

ATEANDO FOGO AO PARAÍSO

a imagem chama-se Our garden of Eden, pintura de Julius Guzy. Provocou-lhe náuseas, ou só a mim?

(...)Já Delumeau nos fala do paraíso, da idéia de que a felicidade poderia se instalar num lugar longínquo localizado no "reino dos céus". Mas, então, se esse é o único local onde a felicidade pode ser realmente desfrutada, resta saber o que nos resta a fazer aqui na Terra.


DESCRIÇÃO DE LIVRO (QUE JÁ ENCOMENDEI, PARA MINHA PRÓPRIA NUTRIÇÃO/INANIDADE), EM http://www.planetanews.com/produto/L/93160/mais-bela-historia-da-felicidade--a-andre-comte-sponville--amp--jean-delumeau--amp--arlette-farge.html.

INTERESSEI-ME POR JEAN DELUMEAU, EM VIRTUDE DESSE CONCEITO TRISTÍSSIMO DE PROPÓSITO NA TERRA. TAMPOUCO EU IMAGINO QUE ELE EXISTA.

E FISGO ISTO:

- Em contraponto ao medo, o que seria para o homem a felicidade, o paraíso?
- De um lado, o ser humano deseja a felicidade, mas por outro lado, eu
não acredito que existirá jamais um paraíso sobre a terra. Penso também que nunca existiu um paraíso terrestre. É uma nostalgia, é um sonho. Em compensação, todos nós temos a necessidade e o desejo de que a vida na terra seja a mais agradável possível. Certamente, a condição da vida humana na terra já melhorou. Ao mesmo tempo, é bom sempre sabermos que a felicidade completa não existirá nunca.
E se há uma felicidade de um lado, não haverá em outros aspectos, é certo.


O PARAÍSO É O ETERNO AGUARDO. LI ISSO NUM OUTRO DE SPONVILLE, A FELICIDADE, DESESPERADAMENTE, QUE ADQUIRO PELA SEGUNDA VEZ, HAVENDO-O EXTRAVIADO EM DUAS OCASIÕES (O PRIMEIRO FOI PRESENTE): HÁ QUEM VIVA NA CRENÇA DE UM LENDEMAIN. DE FÊTE, COMO DIZIA MUSSET*. MAS PARA ELE, O DIA SEGUINTE DO FESTEJO ERA TRISTÍSSIMO. COMO O INFERNO - OU O LIMBO, QUE É O 'MEZANINO DO INFERNO'- DEVE SER.

*'JE SUIS TRISTE COMME UN LENDEMAIN DE FÊTE'. ALFRED DE MUSSET, poeta, novelista e dramaturgo francês do século XIX, um dos expoentes mais conhecidos do período literário conhecido como o Romantismo.

martedì, dicembre 18, 2007

AINDA DÁ...


Love can kill people, can't it
Well it still might kill me
Each drop of rain
is a glass of champagne
It's sweet and it's free
When I drink I don't panic
When I drink I don't die

lunedì, dicembre 17, 2007

ESPERANDO NO BALCÃO SEM JUVENTUDE - COMO DIRIA A ADÉLIA

[SEM VOCÊ] fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena...

É VINICIUS. E A ALUSÃO AO CUL-DE-SAC ME FEZ SORRIR COM ABANDONO.

venerdì, dicembre 14, 2007

تهران


TALVEZ JANEIRO. :)

PARA ENEGRECER A SEXTA-FEIRA

You can keep what you want I want none of this They're just bad memories I don't want Am I sunshine You can pack it all up And be gone And be gone If it matters to you You can sell it all out If the price feels right I won't judge If you get off your knees You'll be out on a breeze Take a lesson from me Don't get stuck on a dream

giovedì, dicembre 13, 2007

PRIBERAM


dominação das paixões


PERGUNTEI AO PRIBERAM O QUE ERA TRIUNFO. ELE ME RESPONDEU ISSO.


MAS DOMINAR AS PAIXÕES, PENSO EU, SERIA AMORDAÇAR A EUFORIA. (NÃO É MERA ALEGRIA. MINHA ALUSÃO É À EUFORIA, QUE É TREM DESCARRILADO A QUE A GENTE ASSISTE PASSAR SEM MUITA REAÇÃO - QUASE NUNCA, NO MEU CASO, QUE ABDIQUEI DO ÁLCOOL E DAS CARNES VERMELHAS E DO QUEIJO E DAS PRAIAS.)


NADA MAIS TRISTE, MAIS COMISERÁVEL (O SUFIXO FICA POR CONTA E RISCO DA MINHA IGNORÂNCIA) DO QUE GENTE SE PODANDO. GENTE FAZENDO CRER QUE NÃO SENTE*.




*O EXTREMO OPOSTO DO POETA DO PESSOA: (...)Finge tão perfeitamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente

ATARAXIA

MEUS HIATOS, NOVAMENTE. ATARAXIA É O MEU 'BOM'. NÃO A FELICIDADE, NÃO A BOA-VONTADE, NÃO O PRAZER, TAMPOUCO O ÚTIL.

.

ATARAXIA É A 'CALMA DE ESPÍRITO', A PAZ DOS NOSSOS EXÉRCITOS INTESTINOS. HOUVE TEMPO EM QUE EU PEDIA MUITO, A DEUS. MUITO. E, NATURALMENTE, NUNCA VINHA ATENDIDA. ENTÃO EU DESCOBRI O QUE É QUE SE TEM DE DESEJAR. SERENIDADE. APENAS ISSO, TÃO-SOMENTE ISSO.

mercoledì, dicembre 12, 2007

EUDAIMONIA


O BOM COMO FELICIDADE. NAS LENTES TURVAS DE ARISTÓTELES.


“...não importa qual seja a nossa situação, se somos ricos ou pobres, educados ou não, de uma raça, gênero, religião ou outra coisa, todos desejamos ser felizes

EM The Essential Dalai Lama, Viking Penguin 2005.


OUTRA FALÁCIA. ARISTÓTELES TAMBÉM ATRELAVA A SUPOSTAMENTE ALMEJADÍSSIMA FELICIDADE À LIBERDADE PESSOAL E À SEGURANÇA ECONÔMICA. ASSIM ANALISANDO, DECLARO QUE A FELICIDADE - QUE EXPERIMENTO, PORQUE LIVRE E EXPEDITA, E ESTÁVEL NOS MEUS CRUZEIROS - NÃO TEM GOSTO DE GELÉIA DE MIRTILO, COMO IMAGINEI. A FELICIDADE - ESTENDO-ME - É INSOSSA.
.
ATENUANDO: SATISFAÇÃO, PARA MIM, É PODER ESCUTAR MEU COHEN. SEGUIDAMENTE. É DORMIR SOB COBERTAS QUENTES, NUMA TARDE DE CHUVA; É ESCORREGAR SEM NUNCA CAIR; É TOMAR BANHO COM SABONETE PROTEX; É AMASSAR OS MEUS GATOS; É CHEGAR EM CASA SEM HAVER DISCUTIDO COM NINGUÉM. ISSO TUDO, PARA MIM, ESTÁ DENTRO DE UM BAUZINHO NO EXTREMO DO ARCO-ÍRIS. E ISSO, SIM, EU BUSCO À MINHA MANEIRA. QUASE SEMPRE.

martedì, dicembre 11, 2007

O ABANDONO DA MORAL


A moral baseia-se na razão e, nessa medida, pode ser conhecida a priori, sem qualquer contributo da experiência. SEGUNDO KANT.
NÃO SE PRECISA VIVER À EXAUSTÃO PARA ENTENDER A MORAL. ISSO ME DIRIGE A SPONVILLE, EM SEU ESTUDO SOBRE A POLIDEZ:
A polidez faz pouco caso da moral, e a moral da polidez. Um nazista polido em que altera o nazismo? (...) O recém-nascido não tem moral, nem pode ter. Tampouco o bebê e, por um bom tempo, a criança. O que esta descobre, em compensação, e bem cedo, são as proibições. “Não faça isso: é sujo, é ruim, é feio, é maldade...” Ou: “É perigoso”, e a criança logo saberá diferenciar entre o que é mau (o erro) e o que faz mal (o perigo). O erro é o mal propriamente humano, o mal que não faz mal (pelo menos a quem o faz), o mal sem perigo imediato ou intrínseco. (...) A distinção entre o que é ético e o que é estético só virá mais tarde, e progressivamente. Portanto, a polidez é anterior à moral ou, antes, a moral a princípio é apenas polidez: submissão ao uso (os sociólogos têm razão nesse ponto contra Kant, pelo menos têm razão de início, coisa que Kant provavelmente não contestaria), à regra instituída, ao jogo normatizado das aparências – submissão ao mundo e às maneiras do mundo.

SE TODA (A) MORAL PODE SER DIMINUÍDA À INSIGNIFICÂNCIA DA POLIDEZ (E POR MAIS QUE AME KANT, TENHO DE PERMITIR A ULTRAPASSAGEM DO SPONVILLE, QUE É QUEM SEMPRE ME ACUDIU), TACHO-A CÁ DE SUPERVALORIZADA. OVERRATED. ABANDONO MINHA MORAL, E TRANSFIRO SEU QUINHÃO, NO MEU ALTEREGO, PARA OUTRAS VIRTUDES: A JUSTIÇA, A FIDELIDADE E A MISERICÓRDIA. O RESTO É BENFEITORIA VOLUPTUÁRIA. A GENTE VIVE SEM.

lunedì, dicembre 10, 2007

EU SOU CUCKOO! :)


[don't fall in love with me yet

we only recently met

true i'm in love with you but

you might decide i'm a nut

give me a week or two to

go absolutely cuckoo

and when you see your error

then you can flee in terror

like everybody else does

i only tell you this 'cause

i'm easy to get rid of

but not if you fall in love

know now that i'm on the make

and if you make a mistake

my heart wil certainly break

i'll have to jump in a lake

and all my friends will blame you

there's no telling what they'll do

it's only fair to tell you

i'm absolutely cuckoo] x2


sabato, dicembre 08, 2007







what I want you to remember as I disappear tonight


I heard of a man who says words so beautifully

that if he only speaks their name

women give themselves to him.

If I am dumb beside your body

while silence blossoms like tumors on our lips

it is because I hear a man climb stairs

and clear his throat outside our door.


*


I almost went to bed

without remembering the four white violets
I put in the button-hole of your green sweater

and how i kissed you then

and you kissed me shy
as though I'd never been your lover


*


Each man has a way to betray the revolution

This is mine.

ISSO TUDO É COHEN, SÓ PARA PROVAR, A QUEM QUEIRA, QUE EXISTEM GOOD DEMONS, E TODOS ELES, SE NÃO SALVAM O MUNDO, PERDEM-ME A ALMA, COM SUA LITERATURA MELANCÓLICA.

COMOVE-ME ESTE ÚLTIMO PAR DE VERSOS. ACHO QUE ESTOU, TAMBÉM EU, TRAINDO A REVOLUÇÃO. MAS POR DESENGANO. POR EXAUSTÃO.

giovedì, dicembre 06, 2007

NEW OLD POST




No momento em que você lê isto, eu não estou mais aqui.No momento em que você lê isto, eu fui embora, não sei pra onde, pra nunca mais voltar. Queria ter feito melhor, queria ter passado mais tempo com você. Queria ter sido mais digno de você. Mas não consegui. Desculpe.Não sei bem o que fica no meu lugar. Fica alguma coisa, disso tenho certeza. Sempre fica alguma coisa. Por isso quando você o encontrar por aí, quando sorrir pra ele e ele te olhar nos olhos, não importa o que ele te diga, não importa o que ele faça, lembre-se: aquele não sou eu.


Eu fui embora.*

O MAIS INTERESSANTE NESSE EXCERTO (ALIÁS, EXCERTO NADA, É UM TEXTO CURTO, SÓ ISSO) É O LIRISMO VISUAL DELE. OS ESPAÇOS ANTES DE 'EU FUI EMBORA' SÃO O QUE DÃO O AGRIDOCE AO LEITOR. LINDO.


*O NOME DELE É LIBERLAND. CURITIBANO.

lunedì, dicembre 03, 2007

A NÃO-FALTA

Os seres humanos, por serem desejantes, seres de linguagem, são condenados a sentir. Primeiro, mal-estar e angústia; depois, por serem impulsionados para algo que se supõe trazer a felicidade, um estado de completude, de não-falta.
(...)
O desejo, no fundo, sempre procura realizar a nostalgia do objeto perdido, que habita no inconsciente, isto é, no lugar do "não-sabido".


O TEXTO DISCORRE ELEGANTEMENTE SOBRE A FELICIDADE - E A IMPOSSIBILIDADE DE FORÇÁ-LA EM OUTREM. A PREPOSIÇÃO DESEJADA FOI ESSA MESMO, EM. DESCUBRO QUE FELICIDADE VEM DE DENTRO PARA FORA.
AO CONTRÁRIO DA DEPRESSÃO, QUE NÃO RARO É ENDÓGENA, A FELICIDADE - QUE TACHO, ANTES DE TUDO, DE EMBUSTE -, OU O-QUE-ACREDITAM-QUE-SEJA-FELICIDADE SEGUE UM ITINERÁRIO ÚNICO. DENTRO-FORA. TEM DE SER CRIADA NAS PARTES INTESTINAS, E ENTÃO EXTERNADA. ...O QUE NÃO HÁ DE ACONTECER NUM PRESENTE REMOTO.

P.S: A IMAGEM NO PICO É A RUA DO QUEBRA-COSTAS, EM COIMBRA. ÍNGREME E IRRETOCÁVEL...

lunedì, novembre 26, 2007


Tu vas et tu viens
Entre mes reins
(...)
Et je te rejoins
O AMOR FALHO. AS LASCAS NO AMOR. O AMOR PENETRÁVEL, FRAGÍLIMO. E AINDA CONDENAM A EUTANÁSIA, O SUICÍDIO. A MORTE DESEJADA.
David: I like your life.
Sofía: Well, it's mine and you can't have it!

giovedì, novembre 22, 2007

PARA A LOCOMOTIVA QUE SE ARRASTA PELO 'PERÍNEO' CARDIOTRAQUEAL


QUERO VOLTAR A ESTUDAR ESTATÍSTICA, QUERO DISCORRER SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO COM ASPEREZA E FUNDAMENTAÇÃO.

QUERO DEIXAR DE MATEMATIZAR A MINHA VIDA INTEIRA, E DE ACENDER VELINHAS NO EXTREMO ODIOSO DO TÚNEL VAZIO.

NÃO PERDI, MEU BANDEIRA, O JEITO DE SOFRER - E O GOSTO CABOTINO DA TRISTEZA AINDA INUNDA TUDO EM MIM. ACONTECE QUE A LASQUINHA DE DETERMINAÇÃO QUE DESENTERREI DO ASSOALHO, HOJE DE MANHÃ, FEZ-ME REEDITAR A POSTAGEM. EU NÃO QUERO MAIS SER COMO ERA ANTES. PELO MENOS ATÉ A VIRADA DO ANO.


'SE HÁ VÁRIOS REMÉDIOS RECEITADOS PARA UMA MESMA DOENÇA, PODEM ESTAR CERTOS DE QUE A DOENÇA NÃO TEM CURA.'


ANTON TCHEKOV FOI QUEM DISSE ISSO, COM SABEDORIA. E PARA A VIDA NÃO NOS SOBROU APENAS UMA MEDICAÇÃO, MAS VÁRIAS. ELA NÃO TEM CURA. SEQUER A MORTE A SANA, PORQUE É PRUDENTE QUE NOS APERCEBAMOS DISTO:
Sometimes when you’re feeling important
SometimeS when your ego’s in bloom
SometimeS when you have the feeling
You’re the best qualified in the room
SometimeS when you feel that your going will leave an unfillable hole
Just follow this simple instruction and see how it humbles your soul.
Take a bucket and fill it with water, put your hand in up to the wrist
Take it out and the hole that’s remainingis a measure of how you’ll be missed.
You may splash all you like as you enter, you can stir up the water galore
But stop and you’ll find in a minute that it looks the same as before

mercoledì, novembre 21, 2007

VINCITRICE

NÃO HÁ PALAVRA MAIS SONORA DO QUE ESSA.

Women, listen to your mothers, don't just succumb to the wishes of your (...)

Take a step back, take a look at one another, you need to know the difference between a father and a lover.


GOSTO MAIS DA MELODIA QUE DA LETRA. É WHITE STRIPES. REDEFININDO MEUS OUVIDOS.

lunedì, novembre 19, 2007

A ESMO


Depression is the flaw in love. To be creatures who love, we must be creatures who can despair at what we lose, and depression is the mechanism of that despair. Love, though it is no prophylactic against depression, is what cushions the mind and protects it from itself. Medications and psychotherapy can renew that protection, making it easier to love and be loved, and that is why they work. (The Noonday Demon)


É LIVRO RELEVANTÍSSIMO, QUE PROVA QUE SE PODE EXTRAIR LIRISMO DAS TREVAS DO CORAÇÃO. A DEPRESSÃO, CONCLUO, TRADUZINDO, É A FENDA NOS INTESTINOS DO AMOR. AQUELE QUE TECNICAMENTE SALVARIA, QUANDO, EM VERDADE, APRISIONA E MATA.


Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia...


O MEU CAMPO DAS ESTRELAS É UM NACO TEMPORAL. E SE NO DIREITO BRASILEIRO INEXISTE A REPRISTINAÇÃO*, NA MINHA DESGASTADA EXISTÊNCIA - MAIS LONGA DO QUE EU A QUIS -, É QUASE COMPULSÓRIA. RETORNEI À ÉPOCA SUAVE DA VIDA. CICATRIZADA.
*: PORQUE MINHA MÃE ME ACHA MUITO CRIPTOGRÁFICA, ESCLAREÇO- COM TREVAS: O Fenômeno da Repristinação consiste no restabelecimento de vigência de uma lei revogada pela revogação da lei que a tinha revogado. in: www.trinolex.com/dicas_view.asp?icaso=dicas&id=117
DOÇURINHAS

MULHER-POLVO E APETITOSA PRESA

MEU AMIGO VERIX



mercoledì, novembre 14, 2007

THIS IS HOW IT WORKS


ESTAVA ESCUTANDO A UMA MUSIQUETA MUITO SIMPLES, SEM ABSOLUTAMENTE NADA DE ESPECIAL, NA SEMANA. DIA APÓS DIA. POR CAUSA DE UNS POUCOS VERSOS:
No, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
E ME ARREPENDI POR HAVER TROCADO DE CARRO, DE APARTAMENTO, DE FACULDADE. E SENTI SAUDADE DO QUE EU FUI, DO QUE EU PENSAVA, DA IMPACIÊNCIA COM QUE RESOLVIA OS PROBLEMAS, DA SENSAÇÃO DE LIBERDADE, DAS EXPECTATIVAS.
E NEM SEI SE É ASSIM QUE AS COISAS FUNCIONAM. SE ESTAMOS FADADOS A MELHORAR. É PORQUE ÀS VEZES É TÃO MAIS FÁCIL O ATOLEIRO...


martedì, novembre 13, 2007

venerdì, novembre 09, 2007

EU QUERO VOLTAR A SER O QUE ERA ANTES. SÓ.




FOI ISSO O QUE ESCREVI EM JUNHO DO ANO PASSADO. HOJE, TODAVIA, CONVERSAVA COM UMA SENHORA DE QUEM MUITO GOSTO, DONA LOURDES, E LHE DISSE QUE VENHO MUDANDO, COM OS ANOS. CONFESSO AGORA, SEM QUE ELA O SAIBA, QUE NEM SEMPRE TEM SIDO PARA MELHOR. A GENTE VAI EMPEDRANDO, CADA VEZ QUE CHEGA A ÉPOCA DAS CHUVAS. EM 1998, EU TINHA UM AMOR FRATERNO POR TUDO. E NÃO QUERIA MUITO, NÃO PEDIA MUITO A DEUS, NÃO ROMPIA COM ELE, NÃO ME JULGAVA TÃO FALÍVEL QUANTO HOJE.


HOJE, TENHO MEDO DE GRANIZO, DE CONGESTIONAMENTOS LONGOS, DE ELEIÇÕES E DE FELICIDADE. REZO MUITO, TODOS OS DIAS PELA MANHÃ - E APÓS O ALMOÇO. ALMEJO DEMAIS, E ME DESCONCERTO COM POUCO. APRENDI A NÃO GOSTAR DA MALTA - QUE É PALAVRA USADA PELOS PORTUGUESES, E QUE ME ENCANTA -, MAS A ENTENDÊ-LA. NÃO CONDENO MAIS, NÃO ESPERO MUDANÇAS, NÃO GOSTO DO QUE ME TORNEI. É QUE O PREÇO DA SABEDORIA - E NÃO ENCONTRO AQUI VOCÁBULO MENOS PRESUNÇOSO, COM O SIGNIFICADO DESEJADO, PORTANTO DESCULPO-ME PELA POMPA DO TERMO - É O DESENGANO.


A ÚNICA LEI É MEU RABISCO ATRÁS DA ORELHA: SINE SPE.

SÍSIFO, TERCEIRA


Homero conta-nos também que Sísifo havia acorrentado a Morte. Plutão não pôde suportar o espetáculo do seu império deserto e silencioso. Enviou os deuses da guerra, que soltou a Morte das mãos do seu vencedor.


NÃO POSSO EU ACORRENTAR A MORTE, OU ME AFEIÇÔO DEMAIS A ELA E NÃO A DEIXO ESCAPAR. PORQUE HÁ UM ENCANTO NA MORTE, E ISSO NÃO SE PODE QUESTIONAR. JÁ POSTULAVA O PESSOA:


A vida é um hospital

Onde quase tudo falta.

Por isso ninguém se cura

E morrer é que é ter alta.


ACREDITO TAMBÉM NO FASCÍNIO DA DOR, COM A QUAL A GENTE SE ACOSTUMA E DESISTE, EM SEGUIDA, DE DESISTIR. MINHA DOR É COMO A DE UM HEMATOMA. NÃO INCOMODA, MAIS. E NÃO ME QUERO LIVRE DELA, PORQUE LAPIDOU MEUS GOSTOS, MINHA MANEIRA DE ENXERGAR E VALORAR O MUNDO. E ACRESÇO OUTROS DOIS VERSOS DO MEU PESSOA, COM OS QUAIS CONCORDO, COM ARES DE PROPRIETÁRIA: Minha dor é velha/Como um frasco de essência cheio de pó.

AINDA SÍSIFO

PRIMERA: DE LAS LIBERTADES QUE TENDRÁ EL REO SÍSIFO.1. Podrá elegir la trayectoria que más le convenga; ya sea que ésta represente un polígono regular o irregular de "N" lados.2. Podrá determinar los "conteos" que desee a partir de "N + 2" desde que "N = 0".3. Podrá combinar, si así lo desea, los conteos que más le convengan, por ejemplo: (N + 2) + (N + 6)... SEGUNDA: DE LAS RESTRICCIONES PARA EL REO SÍSIFO.1. Los vértices de los polígonos serán nombrados de manera sucesiva y en el sentido de las manecillas del reloj comenzando con las letras el alfabeto latino (de la "A" a la "Z") y si por el número de los vértices del polígono elegido éstas no bastaran, se recurrirá a los diversos alfabetos pasados, presentes o futuros; por ejemplo el griego, el cirílico, el hebreo, etc., a discreción del reo.2. El "punto de partida" (el punto cero) siempre será el vértice "A" y el "punto destino" siempre será el vértice "B" para no contravenir la sentencia para el castigo original.3. Siempre habrá avance en un solo sentido: el de las manecillas del reloj.4. Al final de cada conteo han de quedar expresadas todas y cada una de las letras correspondientes a los vértices del polígono elegido y sin que alguna de ellas aparezca más de una vez.5. Al ser cumplidas las anteriores restricciones, cuando quede expresada la serie cuya letra final sea la "B" (el punto del vértice destino) se considerará terminada la condena. NO SÍTIO www.arrakis.es/~mcj/sisifo.htm, ENCONTRO ISSO.

SÍSIFO E CAMUS


Já todos compreenderam que Sísifo é o herói absurdo. É-o tanto pelas suas paixões como pelo seu tormento. O seu desprezo pelos deuses, o seu ódio à morte e a sua paixão pela vida valeram-lhe esse suplício indizível em que o seu ser se emprega em nada terminar. É o preço que é necessário pagar pelas paixões desta terra.

CAMUS, MEU GOOD DEMON. ENSINANDO-ME POR QUE DEVEMOS SER ABSURDOS, OU INTILULARMO-NOS TAIS, COM O FITO DE SUBSTITUIR AS EXCUSAS DA PASSIONALIDADE POR DENOMINAÇÃO HONROSA. NÃO HÁ VEXAME EM NÃO SE TERMINAR O INICIADO, EM INCORRER NOS MESMOS ERROS, EM ODIAR SEM FREIOS. BASTA SER ABSURDO.

martedì, novembre 06, 2007

A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração.


(Henrique Maximiliano Coelho Neto - Romancista e contista brasileiro - 1864/ 1934)


HOJE, O QUE ME TOMA É SAUDADE. COMO DISSE OUTRORA, QUANDO ELA ME PREMIA, É O QUE MUITO BEM MUSICOU O CHICO: 'O PIOR TORMENTO (...) PIOR DO QUE SE ENTREVAR'.


NOSTALGIA, QUE É PALAVRA MAIS DOCE, ESFARELA A GENTE. NASCI NOSTÁLGICA, IRREMEDIÁVEL E LAMENTAVELMENTE NOSTÁLGICA. E NADA A ANESTESIA. FELICIDADE NENHUMA AMENIZA ESSA ESTOCADA, O QUE SE VIVEU.


TINHA POR HÁBITO RABISCAR NO TOPO DE TUDO QUANTO ESCREVIA UNS VERSOS, PREFERENCIALMENTE DE UMA MÚSICA OU DE UM POEMA QUE ME OCORRIAM, NO DIA. E ISSO SE FEZ NESTE BLOGUE. GARATUJEI - CONFORME ACODE-ME O PRIBERAM, PARA QUE O PARÁGRAFO NÃO SE TORNE REPETITIVO - TUDO O QUE ME ENTUPIA A CABEÇA, ME OCUPAVA AS ARTÉRIAS, BLOQUEAVA O PRESENTE. E HOJE OS RELEIO, NEM SEI SE TRISTE.


COMO DISSE A KLENNY, 'A FALTA DE MEMÓRIA É UM ATALHO PARA A FELICIDADE'. MAS A MINHA ESTÁ SATURADA, TÚMIDA, E SE ME ABALROASSE UM DESSES CAMINHÕES BETONEIRA, E ME APLAINASSE A CABEÇA, AINDA ASSIM EU TERIA VIVIDO O SUFICIENTE PARA PRESTAR CONTAS A DEUS.

giovedì, novembre 01, 2007

THOUREAU



Deve o cidadão desistir da sua consciência, mesmo por um único instante ou em última instância, e se dobrar ao legislador? Por que então estará cada homem dotado de uma consciência? Na minha opinião, devemos ser em primeiro lugar homens, e só então súditos.

(...)

É preciso um homem que seja um homem e que tenha, como diz um vizinho meu, uma coluna dorsal que não se dobre aos poderosos! As nossas estatísticas estão erradas: contou-se gente demais. Quantos homens existem em cada mil milhas quadradas deste país? Dificilmente se contará um.


ISSO É MAGNÍFICO. E É THOUREAU. E EXPLICITA MINHA REVOLTA, MINHA RESISTÊNCIA AO VOTO OBRIGATÓRIO, À TRIBUTAÇÃO, À SITUAÇÃO LAMENTÁVEL EM QUE SE ARRASTA A SAÚDE PÚBLICA NESTE PAÍS.
MAS A CPMF ESTÁ POR SE TORNAR PERMANENTE, E, AO PARLAMENTAR QUE É FAVORÁVEL A ESSA CONTRIBUIÇÃO EXTRAVIADA DA SAÚDE, SEQUER SERÁ DESTINADO O AÇOITE DA PERDA DO VOTO.

martedì, ottobre 16, 2007

FELICIDADE DÓI. NO GOOGLE.

A felicidade dói. Um episódio de felicidade, inesperado, abrupto, dói muito. Do pescoço à barriga até à barriga das pernas, o corpo ressente-se. Precisava de um médico que explicasse se é a produção excessiva de endorfinas a provocar uma desordenada reacção muscular ou se é uma reacção desordenada de endorfinas a provocar uma produção excessiva de metáforas clínicas. Ainda assim, e no caso em apreço, a dor e a felicidade não são metonímias.
ACHEI ISSO DE UMA DELICADEZA ENORME. NÃO SEI PRECISAR SE FELICIDADE DÓI. O QUE ME ENSINOU A ROTINA É QUE TRISTEZA É COISA SABOROSA, A DESPEITO DO RANÇO QUE A FAZ ATER-SE ÀS PAREDES DO PESCOÇO.

domenica, settembre 16, 2007



PARTE II (ESTOU FAXINANDO O COMPUTADOR ALHEIO, QUANDO ENCONTRO ISTO...)


Eu nunca plantei quiuí. Na verdade, a única planta que medrou por obra minha foi um pezinho de feijão que viveu por menos de uma semana, acomodado num chumaço de algodão. À época, pareceu-me deliciosamente esclarecido o mistério da vida; com água e meia dúzia de feijões haveríamos todos de reflorestar o mundo. Ambas, fome e anemia estavam por fim contornadas.


Faces coradas aos homens de bom algodão. A decepção, todavia, não tardou a chegar. Minha criatura acanhou-se no peitoril da área de serviço e recolheu as folhas, desgostosa do copinho descartável espremendo-lhe as raízes. Nesse mesmo dia senti imensa identificação (traduza-se simpatia) com os babilônios.


Voltando ao quiuí, observo-o. Como pode uma fruta peluda e chata ocultar no avesso tamanho espetáculo? Como se não lhe bastasse o verde intenso, o quiuí adorna a própria polpa com uma ciranda de pontinhos muito escuros, aludindo à vista que se tem de uma janela de avião. Seriam uma roda de crianças sobre a relva, não fossem sementes.


Avanço ainda um pouco, nessas divagações botânico-existenciais: se forem mesmo sementes (muitas vezes a natureza faz das suas e troca o fruto pelo pseudo-fruto, provando-nos que nada é o que aparenta ser), e eu cismar de enterrá-las na minha jardineira, quantas vingarão? Quanta vida é capaz de brotar de um pedaço miúdo de fruta morta?


Em escala mais modesta, porém iguaLmente fascinante é a multiplicação das estrelas-do-mar. Se bem me recordo das minhas aulas do ginásio, cada parte mutilada desse animal dá origem a um outro, e o desfalcado regenera-se. Tudo constituindo um ciclo morte-vida-morte-vida sobre o qual nós, que nascemos e morremos uma única vez não exercemos controle.


Ainda outro dia um vento insistente forçou os atletas locais (raça de caminhantes de superquadra) a vestir seus casacos quando o sol ainda ia alto. Desconfiada do quiuí, hoje confabulo: o que se batizou de frente fria era só mais um pretexto da natureza para manter seu ciclo, para despetalar uma flor de um lado e polinizar a outra em recompensa; para carregar a semente que há de resultar em um fruto exatamente igual àquele da qual proveio.


O capricho da repetição de fenômenos também desenha –ainda que de forma muito particular- a existência humana. As limitações motoras de uma criança são semelhantes às experimentadas por um velho. A calvície, os dentes que faltam, a dependência física. Nascemos, crescemos, morremos, como o traçado de um triângulo. Da base ao vértice, e daí à base. O azedume do ciclo deve-se à lembrança do que já se teve –ou foi, da nostalgia da vitalidade, do repentino regresso à base.


Também são cíclicos os sentimentos. A paixão do amante rejeitado transfigura-se em ódio e daí em nova paixão. Chora-se de alegria, mas ri-se de nervoso; chora-se de nervoso e gargalha-se de contentamento. A receita do sossego –senão da felicidade- é compreender o sentido do ciclo. A todo mal sofrido sucede a bonança dos ditos populares, e a cada dia de glória corresponde um momento, pequeno que seja, de fracasso. A paciência em administrar o orgulho e o sofrimento resultantes do que Paulo Mendes Campos chamava de “grandes ocasiões” –as de dor e vaidade- é que dá sentido à eterna sucessão da vida.
24/06/2002

OFICINA DE TEXTO, EM 2002. QUANDO A GENTE GANHAVA NOTA PARA ESCREVER. QUE SAUDADE...




RELÍQUIA

Quebrou a única taça que restava no canto iluminado da sala. Quisera manchar os tapetes, arranhar o assoalho, mas determinou que uma pilha de estilhaços de cristal a aborreceria de imediato. Imaginava-a descalça, sangrando os pés inconsolável. As preciosas taças encerradas no movelzinho antigo desde que a família se havia mudado. O tesouro de um par de anos. A ruína do casamento reluzindo na esquina da sala, ela bem sabia. O marido evoluía diabólico, ferindo-a com gosto. Escolhera a pequena relíquia para vingar todas as discussões interrompidas, ocasiões em que não lhe fora dado vencer. Como se estudasse quieto, enquanto ela cozinhava, o ponto exato a atingir. E então disparava, expectante. Uma outra vez não lhe correspondera um sorriso, em jantar na casa de colegas da firma. E ele decerto compreendera o quanto ela carecia de um sorriso que a envolvesse como uma cortina naquele desconforto imenso. Sempre assim. Acompanhava-o como boa esposa, a esposa do gerente. E ele não lhe agradecia sequer pela pontualidade. Pelo nó na gravata que ela lhe ajeitava com mãos de prestidigitador. Sequer baixava a guarda, essa era a verdade. Não lhe mostrava os dentes solidário. Quebrava-lhe as taças, em vez disso. Agora essa.
Já passava do tempo de oficializarem o fim da união, mesmo porque nunca haviam sido unidos de fato. Ele, quando universitário, transitando entre os vizinhos no alojamento sentira-se, sim, parte de um grupo. Àquela época. Casado com ela, não passava de uma fonte de renda. O outro prato na mesa, que ela servia com a sua mão ornada pela aliança. À própria mãe ele não pagava um vestido, mas como noivo tivera de vasculhar a cidade atrás de um par de alianças “não muito finas e, achando, por que não foscas”. Vestir o dedo de uma estranha sob os olhos dos parentes distantes, empoleirados em bancos de igreja. Quantas vezes na vida havia procurado um alfaiate? A cerimônia toda era um pretexto para ridicularizá-lo, como ridicularizam as crianças. (As tias sempre comentam os maus cortes das crianças com um entusiasmo estarrecedor.)
A própria convivência por trás das portas bem-lixadas que o sogro lhe deixara de regalo o feria embaraçosamente. Haviam, como o casal que lhes cabia ser, alugado uma rotina. Pouco sal nas refeições, noticiário no intervalo do almoço e economia nas contas de gás e luz. Visitavam os dois casais de velhos uma noite ao mês, já contabilizando o combustível. Uma única viagem e cumpriam as formalidades de filhos casados. Quantos minutos lhe bastassem (a ela) para discorrer sobre o constrangimento das entrevistas para emprego. Nessas ocasiões ele escutava a esposa placidamente, enquanto se imaginava, a si mesmo, encaixado numa roleta de ônibus qualquer, respirando miúdo no fim do expediente. Encolhido. Tão imenso, meu Deus, mas para quê? Para encontrá-la ao girar a maçaneta, de luzes acesas, rindo dos comerciais de televisão. Havia tanto que ela não saberia abarcar com os bracinhos descarnados de quem rastreia taças.
Pois agora sequer as taças lhe haviam deixado. Como se lhe houvessem tirado inclusive o papel do doce. Nos anos de tédio e discreta depressão, tudo o que ela havia conseguido colecionar estava pulverizado. Escorada no sofazinho ela suspirava. Pensava nas janelas intocadas. Por que não lhe quebrava as janelas, o demônio. Por que a desprezava até a luminosa hora de talhar-lhe da rotina a farpa de felicidade irreparável. Pensava nos erros que se cometem. Na casa da mãe, sempre tão fresquinha e nas unhas do marido. Ria, agora. Não se lembrava das unhas do marido. Criava um cavalo no apartamento, como dissera certa vez a uma amiga com quem já não tinha mais contato. Alimenta-se um animal, exibe-lhe as fuças às visitas, mas o orgulho (quando não o sossego) de possuí-lo não pode ser tomado por afeição. Ela não gostava do marido. Ela o tinha. Não o conhecia, tampouco pelas mãos. Não sabia interpretar-lhe um gesto, talvez por isso as tempestuosas discussões. Quem sabe ele não lhe suplicasse, com um franzir de testa, para que ela os poupasse, a ambos, de tantas observações. Se ela o soubesse... O que teriam evitado e por quanto tempo...


Ajeitou a franja do sofá, pusilânime. Atestava o próprio fracasso. Teria de vê-lo. Se preciso fosse, fitá-lo-ia sobre a travessa de arroz, interrompendo o jantar. Faria tudo como se deve,
escutando quaisquer desculpas. Se pudesse resgatar o casamento, melhor. Mas que não a acusassem de injustiça. Correu ao quarto, procurar uma mala que sabia ter. Queria manter aquilo tudo, agora ciente dos riscos do fim, mas parte dela se entusiasmava com uma possível separação. O marido abrira-lhe muito pouco uma janela, o suficiente, no entanto, para secar-lhe a garganta – assim enxergava o incidente das taças. Como uma fresta. Esperá-lo-ia com duas mudas de roupa bem-dobradas, resoluta e decente.


06/09/2001.






giovedì, settembre 13, 2007

Que a saudade é o pior tormento(...) É pior do que se entrevarOh, pedaço de mim(...) Que a saudade dói latejadaÉ assim como uma fisgadaNo membro que já perdiOh, pedaço de mim(...) Que a saudade é o pior castigoE eu não quero levar comigoA mortalha do amor... ENGRAÇADO. POR TANTAS VEZES CHEGUEI À CONSTATAÇÃO DE QUE SENTIMENTO NENHUM TRAUMATIZA MAIS DO QUE A SAUDADE... MAS PENSAVA, ANOS ANTES, QUE O REMORSO FOSSE MAIS DANOSO, QUE ESTILHAÇASSE MAIS. EQUÍVOCO ABSOLUTO. SAUDADE FERE IRREMEDIAVELMENTE PORQUE, COMO COSTUMO DIZER, REMETE A ALGO FATALMENTE FINDO. IRRESTITUÍVEL. AGRADEÇO DIARIAMENTE A DEUS POR NÃO A TER. PREFIRO AFLIÇÃO, IRA, TRISTEZA. SAUDADE, NÃO.

domenica, settembre 09, 2007

CAROLINA


ERA UMA QUARTA-FEIRA, E EU ME SENTI PRECISAMENTE COMO A CLARISSA (I remember one morning getting up at dawn, there was such a sense of possibility. You know, that feeling? And I remember thinking to myself: So, this is the beginning of happiness. This is where it starts. And of course there will always be more. It never occurred to me it wasn't the beginning. It was happiness. It was the moment. Right then.), DIANTE DE SEI LÁ QUE JANELA, SORVENDO SEI LÁ QUE LÍQUIDO. SÓ SEI QUE NÃO ESTAVA ENTREVADA, COMO NA SEMANA PASSADA, E QUE NADA ME DOÍA. E QUE EU TIVE O ÍMPETO DE ATIRAR MARGARIDAS AOS TRANSEUNTES. MAS MINHA ALEGRIA É QUEBRADIÇA, NO MAIS DAS VEZES, E NO DIA SEGUINTE JÁ SE ENSOMBROU SOBRE ELA UMA ANGÚSTIA DEVASSA, ESCANDALOSA E ARREBATADORA. E O QUE PARECIA FELICIDADE DISSOLVEU-SE COMO UMA GOTA DE CAFÉ NUMA JARRA IMENSA DE ÁGUA. E HOJE EU ME LEVANTEI ASSIM. QUERENDO BATIZAR MEU SEGUNDO GATO DE PERCIVAL.

sabato, settembre 01, 2007

ESTOU ME PREPARANDO PARA DIZÊ-LAS TODAS, A CAMINHO DE CASA, NUMA ALEGRIA PUNGENTE:
Perdi o jeito de sofrer. Ora essa. Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
*
– Por que me matais? – Como! Não habitais do outro lado da água? Meu amigo, se morásseis deste lado, eu seria um assassino, seria injusto matar-vos desta maneira; mas, desde que residis do outro lado, sou um bravo, e isso é justo.
FALTA-ME MÊS ATÉ QUE ESSE TORMENTO TERMINE. E ATÉ LÁ, VOU ME AVEZANDO MAIS QUE À TRISTEZA, À DESESPERANÇA. E ACORDO COM DORES NO PESCOÇO E NAS TÊMPORAS. E TENHO PESADELOS, TODOS SOBRE PERSEGUIÇÕES. O LIMO DO POÇO NÃO ME AGRADA, E EU DEIXEI DE ACHAR TANTA COISA BONITA...

giovedì, agosto 23, 2007

MA SIGNORE, IL POZZO È PROFONDO

PRIMEIRO VOCÊ CAI NUM POÇO. MAS NÃO É RUIM CAIR NUM POÇO ASSIM DE REPENTE? NO COMEÇO É. MAS VOCÊ LOGO COMEÇA A CURTIR AS PEDRAS DO POÇO. O LIMO DO POÇO. A UMIDADE DO POÇO. A ÁGUA DO POÇO. A TERRA DO POÇO. O CHEIRO DO POÇO. O POÇO DO POÇO. (...)A GENTE SENTE UM POUCO DE MEDO, MAS NÃO DÓI. A GENTE NÃO MORRE? A GENTE MORRE UM POUCO EM CADA POÇO. E NÃO DÓI? MORRER NÃO DÓI. ISSO É CAIO FERNANDO ABREU. ELE ME ENSINOU QUE MORRER NÃO DÓI. A GENTE TERMINA POR SE HABITUAR A TUDO; NADA NESTE MUNDO É TÃO AMARGO QUE NÃO SE CONSIGA DIGERIR, DEPOIS DE UM TEMPO. A GENTE SE ACOSTUMA AO SOFRIMENTO, JULGA MUITO NATURAL ACORDAR E DORMIR COM A DOR. A GENTE SE AFEIÇOA À DOR. O POÇO DO CAIO FERNANDO É O MEU RETALHO NO CORAÇÃO. DE TÃO FEIO, PASSA A SER QUERIDO.

venerdì, agosto 03, 2007

PACTA SUNT SERVANDA



TUDO NA VIDA DEVERIA SE REGER CONFORME OS CONTRATOS - PÚBLICOS OU PRIVADOS.

EXIGIR-SE-IA O CUMPRIMENTO FIEL DOS ACORDOS, ESTABELECER-SE-IA A LEI ENTRE AS PARTES. ISSO, SIM, É LINDO. A LEI OBEDECIDA.

DESEJO, POIS, VIVER DENTRO DO MUNDO DO DIREITO ADMINISTRATIVO, COMO UMA EMPREITADA PO PREÇO GLOBAL. BEM-ACABADA, JUSTA E CONVENIENTE.

martedì, luglio 31, 2007

mercoledì, luglio 25, 2007


The wounded forms appear:
The loss, the full extent;

And simple kindness here,

The solitude of strength.


EU RETIFICARIA: THE STRENGTH OF SOLITUDE.