Não corremos em direção à morte; fugimos da catástrofe do nascimento. Debatemos-nos como sobreviventes que tentam esquecê-lo. O medo da morte não passa da projeção no futuro de outro medo que remonta ao nosso primeiro momento. É verdade que nos repugna considerar o nascimento como uma calamidade: acaso não se nos inculcou que se trata do bem supremo e que o pior situa-se ao final, e não ao início, de nossa carreira? No entanto, o mal, o verdadeiro mal, encontra-se atrás, e não adiante de nós. Buda sabia aquilo que escapou ao Cristo: antes da velhice e da morte, ele afirma o fato de nascer, fonte de todas as enfermidades e de todos os desastres...
E SE, ORAS, O GRANDE INFORTÚNIO CONSISTE, EM VERDADE, EM SE SER LANÇADO AO MUNDO, DESESTIGMATIZE-SE O ASSASSÍNIO. O CRIME ÚLTIMO (PRIMEIRO), INDESCULPÁVEL, CONSUMA-SE NA CONCEPÇÃO.
CORRENDO SEMPRE POR CIORÁN, EM DIVERSAS FONTES, DESCUBRO QUE DIZ O MESMO, QUANTO À CULPABILIDADE DOS PAIS. E, CONFORME ESCREVI DIA DESSES: INDA ME ENCHO DE ORGULHO, PORQUE CONCORDAMOS MESMO ANTES QUE EU O CONHECESSE - O QUE ME FUNDAMENTA AS PERCEPÇÕES, E BRILHANTEMENTE.
POIS CORROBORA O EXCERTO TRANSCRITO (UM CIORÁN QUE SE CONSERVA FIEL AO RACIOCÍNIO PRIMEIRO):
Os filhos que nunca quis ter, se soubessem a felicidade que me devem!
ISSO NÃO ME PARECEU ABJETO. DE FORMA ALGUMA. O POUPAR, SE NÃO A SI MESMO - PORQUE, *NESTE* CASO, INEXISTE ESCOLHA -, MAS, A OUTRO, ESTÁ MUITO AQUÉM DO ALTRUÍSMO. É JUSTO, TÃO-SOMENTE.
E PESQUISEI, SEM SOMBRA DE ÊXITO, SE HAVIA HIPOCRISIA NO ESCRITO, CHEGANDO A AFORISMO DUVIDOSO:
E PESQUISEI, SEM SOMBRA DE ÊXITO, SE HAVIA HIPOCRISIA NO ESCRITO, CHEGANDO A AFORISMO DUVIDOSO:
AVER COMMESSO TUTTI I CRIMINI, TRANNE QUELLO DI ESSERE PADRE.
NA 12.
DESAVIEMO-NOS?
Interessante é, sem dúvida, o tal ponto-de-vista. Mas há uma dúvida - se não há existência, como saber a felicidade? E como saber a felicidade sem a vil tristeza?
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